Por Uma Cultura de Doação
Henrique Vieira Filho, em artigo para o Jornal O SERRANO, aborda a importância de criarmos uma cultura de divulgação de doações e desafia a sociedade local a trocar a obra de arte “1000 Tsurus” por alimento.
Artigo publicado resumidamente no Jornal O Serrano, Ano CXIV, Nº 6288, de 21/01/2022
DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5898640
Fiquei orgulhoso e encabulado ao mesmo tempo, graças a uma matéria neste jornal sobre a campanha de nosso Fundo Social de Solidariedade, destacando a doação de uma de minhas artes.
A moral judaica-cristã dita que a caridade anônima será recompensada no céu, enquanto que, se for pública, o doador já recebeu a retribuição em vida.
Talvez por isso, seja comum postar, em redes sociais, a alegria e orgulho sobre um bem adquirido, mas, ainda causa estranheza quando alguém torna pública uma doação.
Para os necessitados, não faz diferença a intenção, pois, o que realmente importa é que chegue em suas mãos e, para que campanhas aconteçam, a publicidade é fundamental.
Uma querida amiga, a cineasta Liz Marins, já angariou milhares de doações promovendo o Dia do Vampiro, no qual os voluntários, trajados de vampiros, seguem em passeatas até o hemocentro. A estratégia atrai a atenção e gera inúmeras reportagens, angariando mais e mais doadores!
Pesquisas apontam que metade dos brasileiros já pratica doações, a maioria em forma de bens (alimentos, roupas, brinquedos, etc) e serviços (trabalho voluntário). A outra metade é composta em parte justamente pelos necessitados, existindo ainda uma grande parcela em condições de ajudar que precisa ser motivada, fora as empresas, que colaboram muito menos que os indivíduos!
Comércios e fábricas não almejam o céu, mas, podem ser recompensados por suas doações angariando a simpatia do consumidor.
Apreciadores de arte, investidores e empresas formam o público alvo que pode transmutar a obra “1000 Tsurus” (que foi doada para ser adquirida) em mais de uma tonelada de arroz, se considerarmos seu valor de mercado.
Já esteve em exposição no museu de Turim, em galerias de Paris, New York, Miami e até em programas de TV, valorizando-a ainda mais, sendo um atrativo extra para conquistar os filantropos de nossa região!
Lanço, aqui, o desafio do bem em transmutar esta arte em doação de alimentos: quem se habilita? A sociedade agradece!
Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), terapeuta holístico (CRT 21001), professor de artes visuais e sociologia, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.