Carnaval: Origem e Significado

O artista Henrique Vieira Filho e seu artigo no “Jornal O Serrano”

O Psicanalista e Artista Plástico Henrique Vieira Filho nos conta lendas e histórias relacionadas ao Carnaval, bem como a visão psicanalítica e holística sobre este período, tudo ilustrado com suas belas pinturas

Artigo publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6289, de 28/01/2022

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5920264

Arte: Arlequina – Modelo: Amanda Mota – Fotografia: Henrique Vieira Filho

A origem do Carnaval é milenar; deriva das mais variadas culturas em seus ritos de final de inverno, início de primavera (esperança e renascimento após um longo e difícil período…), que corresponde ao mês de dezembro, nas regiões européias.

Com a inclusão de dois novos meses em homenagem aos imperadores (Julho – Júlio Cezar e Agosto – Cezar Augusto…), somado à conveniência política de vincular à quaresma (40 dias de abstenção da carne; carnem leváre = carnaval), os festejos se transferiram para fevereiro, perdendo sua característica de comemoração de ano novo.

A chamada “Quarta-Feira de Cinzas” nasce do ritual de sinalizar com cinzas a testa dos fiéis que se preparam para jejuar, lembrando-os de que tudo é transitório e que devemos retornar ao “pó” original.

Das várias divindades “pagãs” relacionadas aos rituais da primavera, a que melhor se adequa ao atual espírito carnavalesco é Baco (Dioniso), que induz a conhecer nosso lado oculto e saciar desejos reprimidos.

Trata-se de uma catarse coletiva, uma “válvula de escape”, sob relativa tolerância da sociedade, visto que são manifestações limitadas no tempo e espaço.

Certos historiadores associam o uso de máscaras e fantasias como forma de disfarçar as verdadeiras identidades e evitar represálias dos governantes.

Do ponto de vista psicanalítico, esta tradição tem raízes bem mais profundas e atemporais.

Ao invés de ocultar, as fantasias servem justamente para despertar, em quem as usa, os atributos que são tradicionalmente associados ao ser personificado.

Por “apropriação mágica”, seja na aparência, no comportamento e poderes, o usuário desperta em si as características que projeta na figura representada.

Ferramenta de adaptação, recurso de defesa psíquica, todos nos “fantasiamos” em nosso dia-a-dia, o que, dentro de certos limites, é saudável.

O único e verdadeiro risco é nos apegarmos às “máscaras” e deixarmos de perceber que somos muito mais do que nossas fantasias!

O artista Henrique Vieira Filho caracterizado como Salvador Dali