A Monalisa E O Movimento Slow Art
A Arte de Apreciar a Arte
Minha experiência junto ao Louvre gerou a convicção de apoiar o Movimento Slow Art, que resgata o prazer, conforto e proporciona experiências especiais e únicas na apreciação da Arte, em museus, galerias e exposições.
Caminhava maravilhado pelos corredores do museu, demorava em cada obra o tempo que o coração determinasse, sem pressa alguma, fotografando ao me despedir de cada tela…
Tudo ia muito bem até que… a Monalisa me chamou! Uma placa indicativa apontava a direção e a segui…
Aí começou o martírio, situação que lamento ver repetir em boa parte dos vernissages atuais: ouço passadas rápidas e ruidosas… centenas!
Exagero em dizer que o chão tremia perante algo que parecia ser uma avalanche descendo a montanha: estourou uma manada de pessoas anti-slow-art!
Tal qual Indiana Jones, tento manter-me à frente da imensa bola humana que rolava impiedosa pelo antes sereno ambiente.
Em vão: o tsunami humano me arrastou e eis que me vejo perante Vossa Majestade, a Gioconda!
Ingênuo, tentei apreciar… Contudo, cotoveladas, pisões e esbarrões são péssimos aliados. Um infindável revezamento de pessoas, uma após outra, parando por alguns segundos para uma “selfie” com a celebridade mais popular do Louvre.
Evoquei todos os poderes dos monges tibetanos para me isolar do mundo e focar na mais conhecida obra de Da Vinci…
Ops, superpoder errado! Precisaria emprestar do Superman sua visão telescópica e de raio-X, tamanha era a distância somada a um vidro de proteção que nem sequer é antirreflexo!!
O reflexo no vidro era tamanho, que enxergava nele mais a tela que estava na parede ao lado (suponho que seja a obra ”The Fainting of Esther”, de Paolo Veronese…), do que a própria Monalisa!
Bem mais agradável foi a experiência que despertou o artivismo em Phil Terry, a qual mudou radicalmente sua apreciação das Artes, após ter experimentado dedicar vários minutos a cada obra, no Museu Judaico, em 2008.
Antes acostumado a tão somente passear pelas obras, ampliou exponencialmente o prazer e a percepção de belezas e detalhes nas telas, a tal ponto que tornou-se patrono do Slow Art Day.
A cada ano, geralmente no dia 08 de abril (em 2018, optaram pelo dia 14…) as galerias participantes em todo o mundo estimulam aos visitantes que selecionem algumas de suas obras e as apreciem por 5 a 10 minutos cada, tendo a oportunidade, a seguir, de trocar experiências com os demais participantes, sob mediação de um curador ou artista.
No Brasil, a Sociedade Das Artes, é a representante oficial do movimento, e mais do que tão somente um dia, uma semana inteira estará à disposição: Slow Art Brazil – sempre em abril de cada ano.
Além de ter acesso à Exposição em si, cada participante seleciona a tela que mais lhe atrai e esta obra será disponibilizada bem à sua frente, podendo observar com conforto e tempo.
Considerando que, além de Artista Plástico, também sou Psicanalista Junguiano, faço questão de intermediar a experiência e a troca de ideias e, dependendo da desenvoltura de cada grupo, posso até propor uma Art Experience, onde VOCÊ se transforma em ARTE!
A seguir, alguns exemplos de que, ao invés de tão somente passearem em frente à Monalisa, investiram em experienciar a ARTE e se transmutaram em suas próprias versões da Gioconda!
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