Beatriz Calemusti posando junto ao cartaz da Exposição Asas Dos Desejos
Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho tece divertidos comentários sobre o comportamento humano, bem como a relatividade de valores, “provando” que uma obra de arte custa menos que um sorvete.
Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6313, de 15/07/2022
Em um final de semana de inverno, convivi com um público eclético que visitou nossa exposição, ao lado de uma sorveteria.
Como psicoterapeuta, o comportamento humano me fascina e me entreti especulando se percebiam que a casquinha de gelato estava mais cara do que as obras de arte.
Para defender esta tese, recorro ao seguinte exemplo, apresentado, por um famoso economista:
Qual é mais cara: uma roupa de qualidade mediana de R$20 ou uma de bom acabamento, por R$100?
Divida pelo número de vezes que irá utilizá-las. A primeira, você vai usar umas 4 vezes até ela desbotar, enquanto a outra, de boa qualidade e atemporal, irá vestir umas 100 vezes. Na “ponta do lápis”, a que parecia “mais em conta”, na verdade, custou $5 cada vez que a vestiu, enquanto a outra, que parecia “mais cara”, custou apenas $1! Cinco vezes menos!
Bem, as pinturas, que tem valor de mercado de mais de 500 sorvetes, estavam por apenas 100 gelatos: uma pechincha bem dentro do espírito do Beco Das Artes!
Digamos que você consuma a centena de sorvetes em cerca de 3 meses. Já uma gravura acrílica será admirada por mais de 500 anos, ou seja, 6 mil meses.
Obras de arte são aceitas como bens a penhora, como garantia de empréstimos e equivalem a um investimento financeiro que rende de 8% (Mei Moses Art Index) a 52% (Brazil Golden Art – BGA Fundo de Investimentos) e ficam de heranças para as filhos, netos e bisnetos.
Já os picolés… rendem algumas calorias e são refrescantes!
Bom, já vimos que as artes têm muitas vantagens. Então, por que não comprá-las ou ao menos visitá-las? Eis a tese do livro “Quem Tem Medo da Arte Contemporânea?”: “Muitos. A maioria diz não entendê-la, por achá-la estranha”. Bem, se tivessem visitado a Exposição Asas Na Arte, mudariam de opinião!
Até mesmo das simpáticas recepcionistas teve gente com “medo”: ao oferecerem pequenos origamis (mini esculturas feitas com dobraduras de papel) e convidarem para visitar e tirar fotos com asas, muitos pensaram que seria cobrado! Em compensação, quando relaxavam, tivemos lindos sorrisos, momentos felizes e dezenas de “selfies”!
Enfim, enquanto tomo minha casquinha de pistache, deixo vocês com a máxima do lendário colecionador Raul Forbes, ex-proprietário do “Abaporu”, de Tarsila do Amaral:
“Eu nunca comprei arte como investimento, mas foi o melhor investimento que eu fiz.”
Raul Forbes
Asas dos Desejos – Arte: Henrique Vieira Filho
Cite as
Henrique Vieira Filho. (2023). Comprar Sorvete Ou Uma Obra de Arte?. O Serrano, CXIV(6313). https://doi.org/10.5281/zenodo.8150002
Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), terapeuta holístico (CRT 21001), professor de artes visuais e sociologia, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.