Neste artigo para o Jornal O Serrano, Henrique Vieira Filho aborda a Campanha Janeiro Branco, em prol da saúde mental e nos conta sua experiência de implantar técnicas preventivas em nove cidades e a frustração de não ter feito o mesmo em Serra Negra.
Janeiro tem esse nome por ser dedicado ao deus Janus, que tem duas faces: uma voltada ao passado (“o que fiz da vida até agora?) e a outra, ao futuro ( “o que devo fazer de agora em diante?”).
Tradicionalmente um período de auto-avaliações e “cobranças”, não à toa é o mês dedicado à campanha “Janeiro Branco”, que promove a conscientização sobre a saúde mental.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), refere-se a um “estado de bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade”.
Durante milênios a humanidade experimentou várias técnicas para “solucionar” a questão: buracos no crânio para que os maus-espíritos pudessem sair, rituais religiosos, internações perpétuas, choques elétricos (atualmente voltaram a ser aplicados, de forma mais equilibrada) e as mais diversas químicas farmacêuticas.
Paralelamente aos métodos mais drásticos, necessários em muitos casos, a prevenção pode e deve ser considerada, inclusive, os meios “alternativos”, que se saem muito bem, como, por exemplos: acupuntura, terapia floral, psicoterapia holística, yôga, tai-chi-chuan e arteterapia.
Nos anos 90, tive a honra de implantar e coordenar (tudo voluntariado e gratuito), no serviço público de saúde de nove cidades (Novo Horizonte / SP, Espírito Santo do Turvo / SP, Onda Verde / SP, Rio Claro / SP, Paracatu / MG, Nova Era / MG, Matozinhos / MG, Água Comprida / MG e Galvão / SC), todas estas técnicas que, nos dias atuais, o Ministério da Saúde busca ofertar, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).
O Brasil é reconhecido mundialmente pelo pioneirismo da grande Nise da Silveira, discípula de Carl Jung, que revolucionou a forma de tratar os internos psiquiátricos por meio da Arteterapia, atividade com ótimos resultados também como prevenção e manutenção da saúde emocional.
A Prefeitura de Serra Negra incluiu esta técnica nas Oficinas Culturais de 2021, ocasião em que fiquei muito feliz em me inscrever. Por sinal, eu fui o único candidato, pois se trata de uma especialização relativamente rara e o valor a ser pago era dez vezes menor que o do setor privado.
Para minha mais absoluta frustração, sem explicação, nada foi adiante. Eis que 2024 se inicia e, novo edital é aberto para a mesma função…
Bem, como profissional, tenho que dar bom exemplo: nem vou me inscrever, pois evitar estresse é uma boa pedida para a paz de espírito de todos nós!
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