Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho elogia a iniciativa artística na escadaria da Rua José Rielli e fala sobre as mandalas, desde as tradições tibetanas e indianas, até as cristãs, com os “tapetes” da Semana Santa e os Quadradinhos do Amor, que são mandalas em tricô e crochê.
Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6311, de 01/07/2022
Passando pela escadaria da Rua José Rielli me surpreendi com o lindo mural sendo pintado por Fernanda Quinto e Karen Ribeiro!
Uma bela mandala (“círculo da essência”, em sânscrito) se formava na parede, trazendo cultura e arte àquele caminho.
Comumente associadas ao budismo e ao hinduísmo como guias para meditação, na verdade, as mandalas existem em todas as culturas.
Inclusive, a cristã: basta observarmos as rosetas das catedrais góticas e os “tapetes” da Semana Santa: feitos com serragem colorida, suas lindas imagens são criadas já sabendo que serão desmanchadas logo a seguir.
Paralelos a esta tradição do cristianismo, os monges tibetanos usam areia de várias cores para compor maravilhosas artes, tão somente para desfazê-las assim que as terminam.
Complementam o ritual distribuindo parte da areia ao público e parte lançada aos rios, para semear as bênçãos pelo mundo.
Além do exercício meditativo nas horas dedicadas para fazer a mandala, o ato de desfazê-las é um treino ao desapego material.
Todo artista de murais e grafites também tem que ter uma boa dose de desprendimento, pois bem sabe que a chuva, o vento e o tempo em breve apagarão todo o seu trabalho.
Ao invés de tristeza, devem alegrar-se que aquela obra já cumpriu seu papel, emocionando aos que a contemplaram e que se abre a oportunidade para novas artes e novos artistas compartilharem aquele espaço.
Quem ganha é o público com a certeza de que sempre haverá uma nova imagem a aquecer seus corações.
E por falar aquecer, nem só de círculos são feitas as mandalas: os Quadradinhos do Amor são exemplos perfeitos! Seus tricôs e crochês, de cores vibrantes e padrões em repetição, as classificam como tais!
Enquanto permanecem em exposição, estas mantas são pura arte “temporária”, e, ao invés de serem desmanchadas, se tornam eternas ao trazer calor, humano e físico, aos que mais necessitam.
Mandala Na Escadaria – Arte: Fernanda Quinto, Karen Ribeiro – Fotografia: Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), terapeuta holístico (CRT 21001), professor de artes visuais e sociologia, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.