Esta semana, tive o prazer de palestrar sobre um tema muito querido: Terapia Floral de Bach! E sim, eu comecei com a minha velha piada: o curso que eu ministrava, nos anos 80, era, com certeza, o melhor do Brasil — afinal, era o único!
Se, nos dias atuais, em qualquer esquina eu vejo um consultório atendendo com terapia floral (para quem não sabe: são essências “energéticas” inglesas extraídas de flores que atuam nas questões emocionais, uma espécie de “psicoterapia em gotas”), quando eu comecei, era praticamente “caso de polícia”, sujeito a perseguições de todos os tipos.
E é aqui que o Circuito das Águas Paulista entra na história, com um papel importantíssimo que foi, literalmente, apagado dos registros! Se pesquisar no Google, Campinas aparecerá como a grande referência da terapia floral desde os anos 90, um polo de formação de terapeutas e de comercialização dos kits que abastecem o país. Acontece que Águas de Lindóia teve um papel fundamental na consolidação dessa terapia, e eu, como historiador e museólogo, tenho o dever de resgatar.
Esse tópico foi parte das conversas de bastidores antes da recente palestra que citei, pois, outro nome importantíssimo da Terapia Floral, assim como eu, também é morador de Serra Negra: o médico homeopata Eduardo Lambert. Em 1993, nós dividimos palcos na cidade vizinha, durante o 1º Congresso Latino Americano de Florais de Bach. O evento foi organizado pelo empresário inglês, radicado no Brasil, John Cowan.
John era o representante comercial oficial dos kits de florais em nosso país e investiu tempo, dinheiro e coração para que esta técnica florescesse em nossas terras. Eu, à época, presidente do Sindicato dos Terapeutas, junto com John, literalmente, chegamos a voar para outros Estados, intervindo em órgãos da vigilância sanitária que apreendiam os kits de essências por puro desconhecimento (ou por puro preconceito).
Ele dedicou tudo de si na causa e, pasme, se fizer uma pesquisa nos buscadores de internet, é como se ele nem tivesse existido!
Claro, existe todo um “causo” que explica um pouco deste mistério. John estava apaixonado tanto pela terapia floral, quanto por uma das pioneiras da técnica. O congresso, patrocinado integralmente de seu próprio bolso (ele simplesmente alugou todo o hotel em Águas de Lindóia para hospedar os congressistas!), foi um sucesso estrondoso de público, de mídia, e consolidou a terapia floral no Brasil.
Mas, para John, o prejuízo foi além do financeiro, sendo ainda maior no coração: o casal se separou, causando um abalo tamanho que até o assunto “floral” virou proibido para quem fosse falar com ele! E, como desgraça pouca é bobagem, veio a pá de cal final: mesmo ele sendo o representante oficial no Brasil, a Inglaterra repassou, unilateralmente e sem nenhum aviso prévio, a comercialização para outra empresa!
Tamanha foi a depressão que ele cancelou toda e qualquer divulgação pós-evento! Nem eu, nem o Eduardo Lambert, nem ninguém recebeu fotos, filmagens, nem sequer um documento capaz de eternizar o registro do congresso que mudou totalmente o panorama da técnica em nosso Brasil!
Enfim, a Terapia Floral faz aflorar o que cada um tem de melhor, mas, nos bastidores de sua história, por trás dos seus efeitos “psicoterapia em gotas”: nem tudo são flores!
A história, às vezes, é feita de perdas e de apagamentos, e cabe a nós, os cronistas, resgatar esses jardineiros esquecidos.