São Pedro Ou Amanaci: Quem É O Manda-Chuva?

Henrique Vieira Filho e Amanaci

Neste divertido conto, o Artista Visual e Psicanalista, Henrique Vieira Filho aborda as lendas sobre divindades das chuvas, incluindo a mitologia indígena brasileira e santos católicos.

Artigo publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6291, de 11/02/2022

Henrique Vieira Filho e Amanaci

Com a previsão do tempo para estes dias, o tema nem podia ser outro!

Pode “tirar o cavalinho da chuva”, pois a lista de divindades “suspeitas” por tanta água é bem longa: Ishkur, da Suméria; Ninurta, da Mesopotâmia; Tefnut, do Egito; Adad, da Babilônia; Baal, da Cananéia; Indra, da ìndia; Zeus, da Grécia; Chac, dos maias; Illapa, dos incas; Tlaloc, dos astecas, etc, etc…

Tamanha é a importância das chuvas para a humanidade que todos os povos encontram alguém para quem rezar pelo clima.

E no Brasil, quem é o “manda-chuva”? O primeiro a ser indiciado é São Pedro. Afinal, graças ao seu alto cargo e com acesso a todas as chaves, tem os meios para abrir as comportas do céu. 

Há quem diga até que ele usa pseudônimo e que seu verdadeiro nome é Simão. Como agravante, temos o testemunho do compositor Jorge Bem Jor, que alega que há uma disputa com Santa Clara, que anda desfazendo o aguaceiro do suspeito.

 Eis um trecho do depoimento: “Santa Clara, clareou. E aqui quando chegar vai clarear. Enxugando o sereno com seus raios solares. Cheio de esplendor”.

Para sermos justos, existe uma outra indiciada, a deusa Amanaci, que possui uma alcunha “incriminadora”: Mãe das Chuvas! De origem Tupi, tem evitado os “paparazzi”, a tal ponto de quase passar despercebida ultimamente. 

Enfim, tanto São Pedro, quanto Amanaci, tem acessos a todos os meios e tiveram todas as oportunidades para cometer o “ilícito” de tantas chuvas.

Contudo, falta desvendar qual seria a motivação. Denúncias anônimas afirmaram que não houve crime nenhum, pois foi um caso de legítima defesa!: a humanidade é quem atentou contra a Natureza! Assim sendo, todas as divindades não tiveram alternativa, a não ser intervir: dilúvio, de novo!

Creio que é justo. Afinal, “quem semeia vento, colhe tempestades”.