Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 15 de outubro de 2021.
DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5680757
Com prazer e orgulho, tenho fortes raízes familiares na região do Circuito Das Águas, tanto pelo lado paterno, quanto materno. Por parte de pai, muitos dos Vieiras, Fiorittis, Corbos ainda aqui vivem e, dentre os que já se foram, os mais conhecidos receberam homenagens em placas, como meu avô revolucionário, Durvalino Vieira e meu tio expedicionário, Ary Vieira.
Contudo, nesta crônica, foco na linhagem materna, que é menos conhecida pelos serranos.
No século 19, vindos da Itália, Francisco Rimonato e Ângela Augusta Gio Batta (meus bisavôs), desembarcaram em Santos, viajando em um dos muitos navios a vapor que foram pontes da imigração européia a abastecer as lavouras de café.
Em mais vapor, o das “Marias Fumaças”, seguiram até a cidade de Amparo/SP, onde se casaram e tem Emma Rimonato (minha avó), a primeira de 10 filhos.
A pintura, que ilustra este artigo, esteve na Exposição “Entre Molduras”, no Mercado Cultural, onde retratei a mim, a minha esposa Fabiana e a filha Luiza, nos papéis dos antepassados citados.
Ao fundo da tela, pintei a antiga Estação Alferes Rodrigues, ramal de Serra Negra, fundada em 1889, ano em que nasceu, minha avó materna.
A imagem baseou-se em uma fotografia de 2015, de autoria de Marcelo Tomaz, idealizador do Projeto Estações Brasileiras. A construção existe até hoje, em uma fazenda na divisa entre Serra Negra e Amparo.
Já o trem “Maria Fumaça”, pintei no padrão steampunk e surrealista, em simbiose com o Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, simbolizando o êxodo da família, saindo do Circuito Das Águas, para São Paulo – Capital, no Século 20, em busca de oportunidades econômicas e o retorno, já no Século 21, para Serra Negra/SP, em busca de melhor qualidade de vida.
Ora plantando café, ora guerreando, três séculos, quatro gerações, entre idas e vindas, Europa – Brasil, Capital – Interior, do vapor dos navios, passando pela fumaça dos trens expressos, finalmente, a família pode degustar, em paz, o sabor e o vapor aromático do meu espresso mogiano!
Cite as
HENRIQUE VIEIRA FILHO. (2021). Do Vapor Viemos E Ao Café Voltaremos. Jornal O Serrano, Ano CXIII(6276). https://doi.org/10.5281/zenodo.5680757
Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), terapeuta holístico (CRT 21001), professor de artes visuais e sociologia, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.