Jornal O Serrano, Livro 101 Crônicas de Serra Negra

Formação de Quadrilha: “C’est Très Chic!”

Henrique Vieira Filho, em colaboração para o Jornal O SERRANO, apresenta este bem-humorado artigo onde conta as influências francesas, flamengas, italianas e até chinesas nas nossas festas juninas e quermesses.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6307, de 03/06/2022

Henrique Vieira Filho, em colaboração para o Jornal O SERRANO, apresenta o bem-humorado artigo “????????????????????????̧????̃???? ???????? ????????????????????????????????????: “????'???????????? ????????????̀???? ????????????????!” onde conta as influências francesas, flamengas, italianas e até chinesas nas nossas festas juninas e quermesses.

De Norte a Sul do país, a formação de quadrilhas prolifera. Não raro, envolve armas, polícia e até padre coagindo jovens casais grávidos ao matrimônio! E o povo em volta ainda dança!

É um tal de um surrupiar do outro! Tudo começou faz muito tempo, com as celebrações pagãs de primavera e verão, onde deusas como Deméter e Perséfone foram expulsas de suas terras pelos publicitários do Vaticano, que deram posse a São João, Santo Antônio e São Pedro.

O modus operandis das coreografias teve início nas classes operárias inglesas do século 13, logo usurpadas pela aristocracia francesa, que formou suas “quadrilles”  (dança com quatro casais). 

Paródia: Luiz XIV, O Rei Matuto - Arte: Henrique Vieira Filho
Paródia: Luiz XIV, O Rei Matuto – Arte: Henrique Vieira Filho

Mas, logo o povo tomou de volta para si e, no século 16, o Brasil herdou este bailado dos portugueses saudosos da sua Europa. 

Assim como o nosso pão “francês” nasceu de uma tentativa de recriar as baguetes e “croissants”, certos comandos para os dançarinos são em “matutês” (cruzamento de línguas portuguesa, tupi e francês).

E até nossos dias, os quadrilheiros obedecem, mesmo sem entender nada, ao marcador que anuncia os passos: “balancê”, “anavantur” (avant tout – começando), “anarriê” (derrière – para trás), “travessê” (traverser – atravessar), “changê” (changer – trocar), “retournê”, “retirê”, “zéfini” (c`est fini – terminou).

É tanta gatunagem que até Santo Antônio passou a perna em São Valentim, tomando dele o Dia Dos Namorados, aqui no Brasil!

Nem os chineses escaparam: tomamos deles os fogos de artifício para afugentar os maus espíritos de nossas quermesses (que surrupiamos do francês kermesse, que já tinha sido larapiado da língua flamenga (“kerk”=igreja; “messe”=feira: “feira de igreja”).

Estava aqui, matutando (do latim: matta= que vem da mata) que não tem mais como impedir tamanho sincretismo em nestas festas, que antes eram “joaninas” (de São João), mas, depois, a deusa romana Juno tomou de volta, disfarçando que era por ser no mês de junho.

Como caipira (do tupi: “kaa-póra” = habitante das matas) malandro que sou, vou me render a estas quadrilhas. 

Afinal, todas são “très chic no úrtimo”!

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Henrique Vieira Filho Administrator

Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), terapeuta holístico (CRT 21001), professor de artes visuais e sociologia, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.

http://lattes.cnpq.br/2146716426132854

https://orcid.org/0000-0002-6719-2559

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